domingo, 6 de junho de 2010

O céu não é o limite.


E quando a energia já não cabe mais em mim, ela explode, transborda, escorre...


Continuo presa à esse amor que tenho pela liberdade... Quero a alucinante força da verdade pra mim. Essa gosma restante de vida não interessa. Eu quero o brilho da vontade, a explosão do antes contido, a escolha da entrega, o mergulho do escuro, o cheio do vazio, o amor ao NADA, ao IMPURO, ao PERVERSO... Eu quero amor à tudo, eu grito amor à tudo! Quero ser mastigada pelo carinho, contaminada pela alegria!! Deixa vir!! Deixe-me ir!! Quero a a beleza do estranho, a estranheza do absurdo, a lucidez do louco.

Eu quero muito, mas não quero tanto...
Eu só quero o mundo, até que ele não me queira mais...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Outros


Minha sede é muita, grandiosa e tanta,
que só a minha existência não me satisfaz
louca, então, procuro, sedenta
outros seres
outros jeitos
outras expressões
outras almas
outras falas
outros sentimentos
outros corpos
e à eles minha contemplação dedico
e faço-os de meu brinquedo antigo
e salto e mergulho
na velha novidade
danço valsa com cada personagem
e a invenção do que sempre existiu
se estabelece.
Exprimo mais um ser.
Dou a luz à mais uma alma (que não a minha)
e do meu útero sai a voz
É Dionísio!

Muitas vezes dói.
Mas até a dor, por ser mais um sentir
me é prazerosa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Solidão feliz.

Às vezes ela se vai assim, sem avisar, como se fosse uma ventania rápida que arrasta as folhas secas do chão e estremece as árvores do bosque, deixando qualquer coisa bagunçada pra trás. Às vezes ela volta assim, sem avisar, como tempestade em dias ensolarados de verão ou como um borboleta que pousa no ombro de alguém... Às vezes ela resolve ficar descalça, sentir a terra, pôr os pés no chão numa tentativa interminável de sentir-se segura perante à vida, estável perante o tempo. Ela só quer enxergar em si a felicidade que tanto dizem que existe, ela só quer cantarolar durante uma tarde de outono, escutar uma música inesperada no rádio indo para o trabalho, colocar aquela saia confortável de que tanto gosta, usar suas sapatilhas cor-de-pele e dançar uma valsa com sua gargalhada verdadeira. Ela não quer viver pela metade. Isso a angustia. Que seja errado, mas que seja até o final. Se ela tem curiosidade, ela a mata. Se ela tem alguma regra, ela a quebra. Ela quer mais sol. Ela quer mais lua cheia. Ela quer mais praia, mais cachoeira, mais mato, mais pessoas sinceras... Ela quer mais da vida, e por mais que a vida lhe dê tudo, sua sede lhe é sempre insaciável. Insatisfação contínua... não, ela não quer mais isso. Se castiga. Se prende. Indomável e insuportável pensamento, insiste em ser incrédulo diante de tudo que lhe aparece à frente. Ou é burro e se finge de cego, ou é inseguro e posa de inteligente. Interessante interesse que ela tem sobre o que não tem interesse, estranha estranheza sobre tudo que é normal aos olhos dos que enxergam. Ela não sabe lutar. Ela não tem força. Ela até queria ter, mas, todos os dias quando acorda, se descobre fraca, e a força antes contida é disspidada sabe-se lá pra onde. Sim, ela sente que um dia vai mudar. Não se sabe quando, nem onde, nem com quantos anos, ou em que momento, mas ela sabe que a partir de um ponto em sua vida nada será como antes. Mas, enquanto isso, ela espera, indo e voltando, se mostrando e se escondendo.
Aprendendo a achar felicidade na solidão . . .

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Sentir, sentir, sentir...!


É quando tudo parece não ter mais sentido.
É quando os dias de verão já não têm mais cor e as ondas do mar já não são mais ouvidas. É quando o vento não te abraça mais, quando os olhos perdem o brilho, quando a vontade se esconde. Apatia. Mundo velho que se agarra em mim e gruda, como uma geléia pastosa indecifrável. Faz de mim sua companhia, me dá abrigo e é cobertor. Penetra em meus poros, transita por entre meus órgãos, faz do meu estômago uma toalha torcida, quente, úmida. Movimentos lentos. Não sinto nada. Nem dor, nem tristeza. Nada. Apenas fico ali, como quem não quer nada da vida, ou como quem ainda tem a vida inteira pra tentar ser feliz.
Mata-me, mas não me faça perder os sentidos!
Vivo transitando entre minha tristeza suicida e minha felicidade explosiva, entre o meu agora ou nunca, entre o meu tudo ou nada.